sábado, 5 de março de 2016

Natividad - uma jornada de cura individual



Pequena viagem pelo simbolismo profundo e místico deste acontecimento que nos dá uma esotérica receita de cura para a alma através de um melhor entendimento sobre corpo, mente e emoções. O que representam as oferendas levadas ao ‘menino-deus’? Que outras simbologias existem nessa história que podem auxiliar a compreensão de nossa caminhada rumo à felicidade e evolução? E o que tudo isso tem a ver com terapias holísticas?

A manutenção do bem-estar físico, a longevidade com qualidade e a cura do corpo depois que a doença já se instalou têm sido importantes focos de atenção da humanidade ao longo do tempo na história deste planeta, ao lado dos avanços tecnológicos em todas as áreas visando facilitar processos, dos mais simples como cozinhar (microondas), até os mais complexos, como viajar a outros planetas.

Enquanto a vida acontece, o que se faz da espiritualidade?

A jornada espiritual tem sido colocada, infelizmente ainda pela maioria, entre parêntesis na rotina diária. Como se houvesse a vida fundamental, digamos profana, oficial, aparente para ser vivida, e fossem reservados alguns minutinhos para ‘adorar’ a Deus, dedicar a uma religião e ao autoconhecimento. Muitos ainda não pararam para pensar na possibilidade de que, talvez, a real jornada seja espiritual, e que a vida chamada profana, material, seja seu instrumento, sua personificação, o ambiente para experienciarmos e usarmos o conhecimento que vai sendo transformado em sabedoria dia-a-dia, muito além dos limites da igreja, do templo, do centro, do santuário, do terreiro.

E continuam trilhando uma jornada sem rumo, sem saber a razão de estarem aqui, sem terem noção de sua missão, contentando-se em acordar, trabalhar, sobreviver mais um e outro dia, cuidando de atender à demanda superficial do mundo da ilusão. Os assuntos do cotidiano são fundamentais para testar nosso crescimento interior. Mas viver em função deles... bem, me parece semelhante a acorrentar a alma ao próximo carro a comprar, a roupa nova para o final de semana, a maquiagem que está na moda, os passeios que dão destaque, a gíria do momento, o salário mais alto, o cargo com mais status... Sem falar no precioso tempo que usam para avaliar, julgar, condenar e determinar penas às atitudes alheias, como se sua maneira de viver fosse um modelo a ser seguido; como se sua visão de mundo fosse referência para a vida dos outros; como se seus valores e crenças fossem a receita para a felicidade global. E enquanto vivem como palmatória do mundo, não têm tempo para cuidar de seu próprio aperfeiçoamento, de sua própria evolução – não se ocupam de perceber que ao apontar um dedo para o outro, três dedos apontam para eles mesmos...

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Doutrinas, teorias e leituras
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Lidar com terapias holísticas tem me mostrado o quanto as pessoas ainda precisam aprender a amar... a si mesmas... para quebrar o ciclo de repetições de padrões mentais e emocionais autodestrutivos e geradores de infelicidade e insatisfação. E quanto isso tem a ver com espiritualidade! Com a evolução, com a ascensão!

De que servem as bonitas palestras, as profundas meditações, o compartilhar intenso mas pouco duradouro de sábias palavras e nobres exemplos que vemos por aí em tantos lugares voltados para o autoconhecimento e para a religação com Deus? De que serve afinal acumular títulos e mais títulos de livros lidos e exibidos orgulhosamente nas estantes?

Quanto disso tem sido levado para a vida cotidiana? Quanto de tanto conhecimento tem se tornado prática diária?

Cabe a cada um aprender a honrar seu processo de vida. Aplaudir-se pelos acertos, pelas vitórias sobre o ego. Ao mesmo tempo em que reconhece suas sombras, seus deslizes. Para, enfim, usar essa conscientização para se lapidar, se reconstruir e renascer.

Esse é o sentido do religare, da religião – reconectar-nos ao Deus que habita em nós, permitir a atuação do Cristo interno através de nós. Mas teorias e acúmulo de conhecimento não trazem qualquer resultado se não há a prática, e prática diária. A prática do não-julgamento, da compaixão, da aceitação; a prática da redução, ainda que gradual, do excesso de crítica e auto-crítica; a prática do ouvir, a prática do abster-se de falar (ou o contrário...); a prática do amor até que possamos um dia compreender o amor incondicional.

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... chegou o Natal...
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Enquanto nos aproximamos da data cristã denominada Natal, vamos sendo envolvidos pela egrégora que é anualmente ativada nesse período, reforçada ano a ano por mais pensamentos e sentimentos de fraternidade e atos caridosos. Mas também de consumismo, de compras, de preocupações com festas, comidas e roupas. Desavenças familiares costumam emergir nessa época também – outras são solucionadas em meio à energia amorosa que envolve a humanidade.

Há muitos anos, quando estudava um material da Teosofia, encontrei um texto que jamais esqueci, relacionando a evolução humana e o advento de Jesus. Aliás, denomina-se Advento justamente o período de quatro semanas que antecede o Natal, assinalado pela Igreja Católica para a preparação espiritual para essa festividade.

Vou destacar brevemente alguns pontos que se relacionam com o tema das terapias, mas tenha uma certeza: há muito mais!

Quantas vezes você já ouviu a frase “quanto mais eu rezo, mais assombrações me aparecem”? Ah, eu já ouvi incontáveis vezes e acredito que você também... e já até falei isso, confesso (!).

Parece, às vezes, que quanto mais nos empenhamos no propósito de nos equilibrar, evoluir e melhorar como pessoa, como profissional, como marido, como esposa, como filho, como pai/mãe... mais e mais testes surgem nos desafiando. Bingo! É exatamente isso. A cada iniciação (obstáculos que superamos, desafios que vencemos) surgem mais e mais testes nos preparando para a próxima iniciação, para o próximo degrau, para mais um passo na jornada evolutiva.

Mas não desanime, não! Se novas provas estão vindo, é porque você tem se saído bem nas anteriores. Apenas se ocupe de verificar se as provas não estão se repetindo... mesmo tema, mesmo tipo de situação... aí é sinal de que você precisa se empenhar um bocadinho mais para melhorar suas notas.

Mas lembre-se: não há reprovação, apenas oportunidades, novas chances.

Então aproveite cada uma delas com todo seu coração.!

Um texto delicioso e profundo de Alice A. Bailey (De Belém ao Calvário) cita a sequência de ocorrências que cercaram Maria e José até o nascimento de Jesus. Vou reproduzir seu texto para evitar qualquer distorção da minha parte:

"“Primeiro, a matéria domina, entronizada e triunfante. Depois, a matéria, guardiã da divindade oculta, da beleza e da realidade, pronta para propiciar o parto. Finalmente, a matéria como serva daquele que nasceu, o Cristo.

Contudo, nada disso ocorre a não ser que a viagem seja feita de Nazaré, o lugar da concentração, e da Galiléia, o lugar da roda da vida diária. Isso é verdade, quer se fale do Cristo cósmico, oculto pela forma de um Sistema Solar, do Cristo mítico, oculto na humanidade no passar dos tempos, do Cristo histórico, oculto na forma de Jesus, ou do Cristo individual que se esconde no homem comum. Pois sempre a rotina é a mesma: a viagem, o novo nascimento, a experiência da vida, o serviço a ser prestado, a morte a ser experimentada e depois a ressurreição para um serviço ampliado.”"

Bailey continua o texto, associando a caverna da iniciação (nascimento), de estrutura rochosa, ao reino mineral; a forragem e o feno ao reino vegetal; o boi e o jumento ao reino animal, e aqui vai além, falando sobre o encerramento do ciclo de adoração a Taurus (o touro sagrado que ainda tinha seguidores na época) para a substituição simbólica pelo signo precedente, Áries, o carneiro, devidamente representado pelos rebanhos de Belém. Quanto aos jumentos, bem, foram eles que levaram Maria a Belém e depois para o Egito, representando as constelações Jumento setentrional e Jumento meridional, que ficam próximas à constelação de Virgo.

G.A.Jansen, em texto para o Boletim O Avatar (Mar/Jun,1984), resume a continuação de Bailey:

"“Encontramos o reino humano representado através de Maria e José, com a unidade humana mais a dualidade, essencial à própria existência. No recém-nascido a divindade se expressava. Assim, naquela pequena caverna, estava representado o Cosmos.”"

É descrita de forma quase poética a jornada dos 3 Reis (magos, astrólogos, sábios), que seguiram a estrela – a estrela no Oriente “foi o sinal dado aos poucos que estavam prontos e haviam feito a necessária viagem a Belém”, descrevendo os que estão preparados “para transmutar seu conhecimento em sabedoria e para oferecer tudo o que têm ao Cristo interno”.

Então, chegamos às oferendas, “símbolos de nossa conquista”. Somos ouro, incenso e mirra; físico, emocional e mental – os corpos que podemos e devemos dominar para dar passagem ao Cristo e nos tornarmos iniciados... iniciados no amor, na entrega, no serviço.

“"O ouro é um símbolo da natureza material, que deve ser consagrada ao serviço de Deus e do homem. O incenso simboliza a natureza emocional com suas aspirações e é também o símbolo da purificação. A mirra ou amargura se relaciona com a mente: é através da mente que sofremos.”"

Quanto simbolismo!

Quanta sabedoria!

E afinal, estamos diante da razão de ser das terapias vibracionais, holísticas. Trabalhar o ser como um todo – corpo, emoções, pensamentos – para atingir a felicidade através da compreensão e domínio desses corpos, a fim de permitir o emergir da essência que é pura Luz, para a manifestação do Cristo Interno, individual, com a cura que isso traz.

Eu sempre brinquei dizendo que é muito fácil ser zen, tranquilo, equilibrado... se estivermos no Himalaya, fazendo mantras, meditando, ou em algum retiro distante da civilização e seus apelos. O trabalho bom é o trabalho feito em casa, com as pessoas que fazem parte da nossa rotina, que são nossos desafios reais na família, no trânsito, no emprego.

Já ouvi de pessoas que amo muito frases como “eu sou totalmente feliz. O que me incomoda são as pessoas”. Aff! E não são, afinal, exatamente “as pessoas” parte das nossas provas? Ou outras pérolas do tipo “se eu tivesse uma família diferente ou melhores oportunidades, mais saúde ou mais dinheiro tudo seria diferente!” É... seria mesmo... tão diferente que nem seria você! Seria outra pessoa! Com outras provas.

Cada um está exatamente onde, como e com quem combinou que estaria precisamente neste momento!

Para crescer!

Para aprender e fazer a lição de casa!

Para passar de ano!

“"Enquanto o discípulo não houver aprendido, não pode fazer maiores progressos. O lugar em que estamos é o lugar onde começa nossa viagem, não de onde escapamos. Se não podemos fazer boa figura como discípulos onde estamos e no lugar onde nos descobrimos, não dispomos de nenhuma outra oportunidade até que o façamos. Aí está nossa prova e nosso campo de serviço.”"

Nada de mágica. Só escolha.

Buscar a harmonia interior e atuar no sentido de prolongá-la pelo maior tempo possível no dia-a-dia pode ser uma meta interessante, ainda que não tenha a princípio uma conotação espiritual, mas certamente já desvendará um novo horizonte, para além da rotina material.

Sustentar uma sensação de tranquilidade interna em qualquer situação que se apresente, diante de qualquer desafio às nossas emoções pode parecer um sonho distante, neste momento, para algumas pessoas. Mas acredite: é possível. Só é preciso que se encontre a técnica mais adequada e treino, prática diária. Escolha, decisão, determinação – isso terá ainda mais força quanto maior for sua vontade de ser feliz.

O equilíbrio de nossos chacras interfere diretamente em nossa saúde física. Nossos chacras são objetivamente afetados por nossas condições mentais e emocionais. Então, a cura do corpo depende, sim, do bom fluxo em nosso sistema energético. E o fluxo de energia entre nossos corpos pode ser mantido harmonioso através do trabalho direto sobre nossos pensamentos e emoções.

Isso é auto lapidação. É evolução. É espiritualidade. É a missão comum a todos nós, cada qual através de provas pessoais e únicas, com o mesmo objetivo.

Pequenas iniciações diárias e grandes iniciações ao longo da vida nos preparam mais e mais para a manifestação do Cristo através de nós. Ao ofertar a Ele seu ouro, seu incenso e sua mirra você estará dizendo “sim!” à vida num sentido muito além das preocupações diárias. Aliás, nesse “sim!”, não há sequer lugar para essas preocupações. Não te parece uma boa proposta? Uma vida saudável, equilibrada, produtiva, próspera, com relações harmoniosas, seguindo o fluxo gerado por boas escolhas?

Neste Natal, que tal reservar uns minutinhos para essa reflexão? Faça sua escolha. Escolha a Vida!

Feliz Natividad!
(dez/2012)

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