sexta-feira, 4 de março de 2016

Diário de reforma

Estava fazendo algumas reformas na clínica e os dias do Carnaval vieram a calhar! Mesmo com febre, não deixei de cumprir meus prazos. Sobretudo meus prazos internos. Um ensurdecedor tic-tac dentro de mim insistia... hora de arrumar a casa!
Envolvida nas tarefas braçais, mergulhei num não-tempo/não-espaço, como se eu estivesse numa bolha.
Comecei a perceber partes de mim ressurgindo com um novo brilho a cada pincelada... E em algumas áreas foram necessárias muitas pinceladas para que a velha cor cedesse lugar amorosamente aos novos tons.
A cada lasca de tinta que a espátula fazia soltar da parede, camadas densas de ilusão se desprendiam dos meus corpos - umas vezes com suavidade, outras com mais força.
Questionamentos vários me inundavam o sono há dias e dedicar-me a essa tarefa braçal com garra foi a maneira que encontrei para encará-los e responder-me.
Está quase tudo pronto na clínica.
Mas em mim... ah! Apenas uma parte da tarefa foi realizada. Uma mínima parte, aliás, do gigantesco canteiro de obras que sou. A parte que me foi possível realizar neste momento está feita.
Feliz pelo resultado obtido, mesmo que longe de finalizar minha autolapidação... tem trabalho para algumas vidas! Mas feliz pelos insights, pelo prazer de construir mais um pedacinho de mim.
Há quem mude a cor ou o corte de cabelo como um sintoma de que mudanças internas precisam ser feitas, mas ainda falta consciência.
Eu mudo o cabelo a cada dois ou três meses. No meu caso, brincar com o cabelo apenas aponta as mudanças que estão em ebulição. No entanto, quando ponho a mão na massa literalmente - cimento, rejunte, tintas... é porque as mudanças simplesmente já estão sendo processadas e todo o programa atualizado, ficando pronto para operar em poucos dias.
Em obras. Atualização constante.
Assim é

(10/03/2011)

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