segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Recolha-se e deixe o deserto te acolher

Quando mergulhamos em nós mesmos criamos a possibilidade de entrar em contato com quem somos - um eu interior que pode ou não ser parecido com o eu que se movimenta no mundo externo.
Geralmente a máscara adotada para lidar com as regras do mundo exterior, para facilitar a adaptação, para receber aceitação, tende a abafar a identidade do espírito.
A personalidade é uma vestimenta que pode sufocar a essência.
A consciência a respeito do eu interior é conquistada, construída, expandida - passo a passo é possível vencer as resistências que nos mantêm limitados à máscara.
Vencer o que limita, impede, bloqueia traz a liberdade para SER. Como se você ampliasse a permissão que dá a si mesmo para se manifestar no mundo através desse eu interior, verdadeiro.
Momentos de silêncio, de recolhimento são o deserto - esse é o ambiente ideal para que o encontro interior aconteça. Na meditação a viagem ao deserto é facilitada e permite momentos nada áridos, ao contrário do que se imagina ao pensar no deserto.
Descobre-se a intensa vida que pulsa no interior - uma vida que apenas aguarda sua permissão para se manifestar no exterior preenchendo as lacunas, respondendo às dúvidas, trazendo plenitude.

Um possível caminho de cura


O que nos machuca tendemos a ignorar. 😔
Mas com essa atitude a única coisa que fazemos é varrer a sujeira para debaixo do tapete.
"A coisa" continua lá, assombrando silenciosamente. E se expande - cria pulgas, ácaros 😲 e vai contaminando nosso comportamento sem nos darmos conta.
Evitamos colocar nosso olhar sobre nossas feridas na tentativa de evitar que a dor se repita - mas ela está lá, doendo, latejando. É como se nos acostumássemos com aquele nível de dor - não mais do que aquela intensidade.
O que não percebemos é que ao escondê-la ela está crescendo sim, ocupando cada vez mais áreas da nossa vida - apenas vamos nos acostumando, como o sapo, que ao ser colocado na panela com água fria não percebe que está morrendo lentamente.
O simples olhar amoroso para o que nos machuca começará a apontar caminhos de cura para nossa alma ferida. A decisão de começar a se curar já alivia a intensidade da dor.
Precisamos desenvolver a Compaixão por nós mesmos para não nos julgarmos, e sim nos acolhermos e acolhermos a dor. Precisamos ser gentis conosco, mas sem apoiar nossos enganos.
Precisamos desenvolver a Humildade para assumirmos que não sabemos tudo, que não temos todas as respostas e que não podemos fazer tudo sozinhos. Precisamos buscar ajuda sem nos tornarmos dependentes do externo.
Toda cura é auto-cura. Toda cura verdadeira é a cura da alma doentinha, magoada, da criança ferida.O adulto ferido, ao escolher fechar os olhos para a dor, dá permissão para que muitos vírus se desenvolvam na forma de raiva, ansiedade, fraqueza, desconfiança, inveja, medo, perdas, depressão e tantos outras maneiras.
Se é para dar permissão, dê permissão para a ação saudável, dê permissão para a cura.🥰